A Aviação Aeromédica pode ser considerada como ramo especializado da aviação executiva e geral que tratará de missões focadas no resgate e remoção de enfermos graves.

Os últimos eventos relacionados a pandemia deram relevância a esse tipo de operação, tanto na mídia nacional, quanto para usuários e operadores do segmento que viram a demanda ascender nos últimos tempos.

No entanto, o segmento já apresentava forte demanda e com a pandemia de SAR-COV 2 Coronavirus, tornou-se mais expressivo e relevante o aumento da demanda.

A aviação comercial, operada pelas companhias aéreas, sofreu forte impacto negativo na sua demanda por voos, sobretudo pelas políticas de isolamento social e fechamento de atividades comerciais e turísticas em todo mundo. Com menor circulação de pessoas, a atividade aérea sofreu quedas expressivas de voos no ano de 2020:


Segundo a IATA, os voos da Aviação Civil na América Latina sofreram redução de 80%.
No Brasil, enquanto as operações da Aviação Comercial chegaram a ter uma queda de 91% em abril, o pior mês em movimentações, em relação ao mesmo período do ano passado, a aviação geral registrou queda máxima de 55%. A aviação geral, que faz uso de aeronaves menores e possui voos privados, sentiu menos o impacto da crise, uma vez que as chances de contágio nesse tipo de transporte são bem menores.
(ANUARIO IBAC, p.14, 2020)


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Essa nova realidade na aviação e na sociedade como um todo vem levando à demanda por voos para a aviação geral e executiva, devido a questões de segurança e agilidade.

Dentro desse segmento da aviação, o transporte aeromédico guarda importantes virtudes e atrativos serviços para passageiros que querem segurança, agilidade e facilidade de acesso a grandes centros médicos do país.

A realidade da Aviação Aeromédica enquadra-se no âmbito da aviação geral que é, por vezes, pouco conhecida pelo grande público e muitas vezes deixada de lado pelos governos. A aviação geral é composta nas palavras do diretor da Associação Brasileira de Aviação Geral – ABAG, Flávio Pires:


“A Aviação Geral desempenha um papel estratégico fundamental no desenvolvimento do Brasil ao estabelecer conexões que dinamizam os negócios nos nossos 5.568 municípios; através de 2.567 aeródromos distribuídos pelo nosso extenso território, que em 2018 foram responsáveis por mais de 600 mil operações de pouso e decolagem. E isso tudo se deu com uma frota de aproximadamente 7.800 aviões e helicópteros em atividade, sendo 610 jatos, 1.130 turboélices, 1.160 helicópteros, e cerca de 4.900 aeronaves com motores a pistão, distribuídas entre os táxis aéreos de passageiros, carga e de serviços aeromédicos, operadores privados, instrução de voo, e os prestadores de serviços aéreos especializados.” (ANUÁRIO BRASILEIRO DA AVIAÇÃO CIVIL, 2019, p. 18)


Nesse contexto, a aviação aeromédica vem crescendo e desenvolvendo missões que, de forma alguma, seria possível sem essa realidade de 2.567 aeródromos. Claro que o serviço e as aeronaves aeromédicas não seriam capazes de operar em todos eles, devido a limitações. No entanto, a partir da realidade atual, é possível considerar a importância das missões desempenhadas hoje pelos operadores que se dedicam a remoção e a resgate de enfermos.

Breve histórico do serviço aeromédico tem início com a remoção de feridos em guerras. Historiadores do tema apontam que o primeiro resgate aeromédico fora realizado na guerra Franco-Prussiana em 1870, quando foi utilizado um balão de ar quente que removera do campo de batalha 160 feridos por meio aéreo.

O serviço vem sendo utilizado nas guerras, com destaque para o uso intensivo de aeronaves para salvar a vida dos soldados na 2ª Guerra Mundial, 1942, quando as forças armadas dos Aliados transformavam grandes aeronaves em hospitais voadores. Na Guerra da Coréia, em 1950, é introduzido o helicóptero para a remoção e resgate de feridos, que também fora utilizado intensivamente na Guerra do Vietnã, 1975, com esse fim também. A Força Aérea Brasileira em 1950 coloca em operação o serviço SAR – Search and Rescue, iniciando assim a história do serviço aeromédico no Brasil. Nos anos 80, as Polícias Militares dos estados brasileiros iniciam as atividades aeromédicas em resgates de vítimas de crimes violentos, de acidente de trânsito, transporte de órgãos e tecidos e enfermos graves, além de insumos e medicamentos, como vacinas. (PILOTOPOLICIAL.COM.BR, 2010)

Desde o seu início, o setor da aviação aeromédica desenvolve-se exclusivamente na parte de resgate, operada pelo Poder Público, estando as Polícias como responsáveis pela operação do serviço. Algumas empresas de táxi aéreo oferecem o transporte de enfermos graves. No entanto, ainda é algo incipiente frente aos desafios apresentados pelo Brasil, que possui dimensões continentais e enorme população. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Operadores Aeromédicos – ABOA, Carlos Eduardo Falconi, a entrada de mais operadores privados, atuando no serviço aeromédico, constitui anseio da sociedade e permitirá salvar mais vidas. Em comparação com a realidade da Alemanha, o Brasil ainda tem muito o que desenvolver no setor:


“Assim como há mais de 30 anos de sua criação, a população paulista possui apenas uma aeronave aeromédica dedicada para o serviço aeromédico para atender uma população de mais de 45 milhões de habitantes, enquanto países como a Alemanha, por exemplo, possuem mais de uma aeronave dedicada para cada um milhão de habitantes, sendo Lei Federal a obrigação de levar o médico ao local do acidente em até quinze minutos. Deveria ser uma prioridade do Estado o fomento da atividade aeromédica privada, num esforço de se reduzir estas mortes no trânsito, uma vez que o serviço aeromédico é o mais importante vetor para diminuir o tempo de atendimento das ocorrências, levando o médico até a vítima no menor tempo possível.”
(ANAUÁRIO BRASILEIRO DA AVIAÇÃO CIVIL, 2019, p. 18)


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Diante do que é possível ser realizado em termos de infraestrutura, o contexto da aviação aeromédica ainda é inexpressiva frente aos desafios da sociedade brasileira e também em termos de aviação. A quantidade de aeroportos e helipontos disponível no Brasil poderia elevar o nível do serviço e operações aeromédicas no país, possibilitando o acesso da população de cidades menores a serviços médicos ofertados nos grandes centros, permitindo mais saúde e mais operações de resgate que evitariam mortes, caso o atendimento pré-hospitalar fosse prestado no menor período de tempo entre o acidente e cuidado médico.

O desafio maior é o Estado regulamentar a entrada de operadores privados nesse tipo de serviço, fomentar e incentivar essas iniciativas. Certamente, a Engenharia Aeronáutica também seria demandada a integrar profissionais junto a essa atividade, apresentando soluções operacionais a essa importante atividade aérea.


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